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Festa da Divina Misericórdia :  Em entrevista Dom Petrini fala sobre Jesus que foi enviado para revelar a presença amorosa e misericordiosa do Pai

Em entrevista ao portal Fé Católica, Dom Petrini fala sobre a festa da Divina Misericórdia e Santa Faustina que recebeu de Deus a missão de reintroduzir na Igreja a compreensão de Deus como pai amoroso e misericordioso. Confira na integra :


Através de Santa Faustina, Jesus pede a Ela que pinte um retrato d\'Ele para ser abençoado no primeiro domingo após a Páscoa. Por que esta data foi escolhida? A partir dela é proclamada a Festa da Misericórdia?


Houve uma época, não muito distante da atual, em que prevalecia, no meio do povo cristão, uma imagem de Deus como um Juiz rigoroso, que aguardava o momento de punir as falhas e os pecados dos batizados, que tinham contrariado algum dos mandamentos, quebrado as regras que tinham assumido no dia do batismo.


Esta sensibilidade, no entanto, não corresponde ao que os Evangelhos relatam de Jesus. Ele foi enviado pelo Pai exatamente porque, mesmo sabendo o que é certo, nós acabamos fazendo o que está errado, como fala São Paulo, na carta aos Romanos (7, 14-22) e necessitamos de um Salvador que nos liberte desta fragilidade mortal. Por isso, Jesus perdoou pecadores como a Madalena, levou para o Paraíso um ladrão que estava sendo crucificado ao lado dele, escolheu como um dos apóstolos um perseguidor da Igreja, como Paulo. Afinal, ele mesmo disse: “
Misericórdia é que eu quero, e não sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar justos, e sim, pecadores.” (Mt 9, 13).   


Santa Faustina foi uma das diversas vozes que reintroduziram na Igreja e na sensibilidade popular a compreensão de Deus como Pai amoroso e misericordioso e a Jesus como o seu enviado para tornar experiência concreta este amor e esta misericórdia, que não têm equivalente na literatura antiga, com efeito, a misericórdia era desconhecida fora do ambiente judaico cristão.


Quando
e como surgiu a Festa da Divina Misericórdia?


Foi São João Paulo II que, no ano 2000
canonizou Santa Faustina e instituiu a festa da Divina Misericórdia, no segundo Domingo de Páscoa, anunciando esta decisão durante a homilia do dia 30 de abril de 2000. Por isso, a festa da Divina Misericórdia faz parte, agora, do calendário oficial da Igreja Católica. Naquela ocasião, o Santo Papa disse: “É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de ‘Domingo da Divina Misericórdia’”. 


No segundo Domingo de Pascoa, é lido o Evangelho de São João. Jesus entra na sala onde estavam os discípulos: “’A paz esteja convosco’. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então, os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente disse: ‘A paz esteja convosco’. Como o Pai me enviou, eu também vos envio. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo”. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.  


A Divina Misericórdia não é apenas um sentimento de Deus, é a Pessoa de Jesus, enviado do Pai, vitorioso sobre o mal e sobre a morte. Esta Misericórdia comunica seu Espírito, se doa, para que sua obra de acolher e perdoar continue na história. A Divina Misericórdia é Sua Presença que O torna contemporâneo de cada geração, como escreveu São João Paulo II na Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia. O mesmo Jesus tinha dito: “Eis que Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28, 20). A Divina Misericórdia tem sua nascente no sangue e na água que fluem do lado de Cristo aberto pela lança que são representados na imagem que Santa Faustina pintou. 


A canonização de Santa Faustina contribui para uma maior devoção a Festa da Misericórdia? O Diário escrito por ela favorece também a propagação desta devoção?


A canonização de Santa Faustina tornou conhecido seu Diário no mundo inteiro e contribuiu grandemente para a difusão desta nova mentalidade a respeito de Deus que teve outras contribuições e o próprio Concilio Vaticano II. Recordo que São João Paulo II publicou em novembro de 1980 a Carta Encíclica “Dives in Misericordia”. O Papa cita a carta aos Efésios, quando diz: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo- pela graça fostes salvos – e com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus em Cristo Jesus”. (Ef 2, 4-6). 


Em tempos de COVID-19, quarentena e distanciamento social qual a orientação que o Senhor transmite para os fiéis manterem-se contritos com Deus e consequentemente com a Igreja?


Vivemos tempos nos quais tudo parece contagiado por uma fragilidade espantosa, como se tudo que era sólido pudesse se desmanchar a qualquer momento. Neste ambiente, é importante que cada pessoa possa refletir sobre a sua vida: o que é sólido dentro de mim, a ponto que nenhum corona vírus pode abalar? Conseguimos identificar a Rocha sobre a qual apoiamos os nossos pés? E sobre a qual construímos nossa pessoa, nossa família, nossa profissão, nosso empenho neste mundo? Este é o tempo para identificar o que é essencial e deixar de lado o que é acessório, mesmo quando se apresenta com alguma atração. Neste horizonte, cada um pode repensar sua relação com Deus, com Jesus, o tempo que dedica à oração, ao silêncio, o modo como convive com as outras pessoas, a atenção ou descaso com que se relaciona, quem sabe, num clima de distração permanente provocado por redes sociais às quais nos dedicamos mais do que às pessoas que estão na nossa frente.    

Qual a mensagem que o Senhor deixa para que o olhar dos cristãos esteja fixo na misericórdia que Deus tem por nós e que esta fase passará tendo como guia a Ressurreição de Nosso Jesus Cristo?

Quando o império romano estava em plena decadência, São Bento não se deixou envolver pela decadência do ambiente ao seu redor. Ele foi direto ao ponto: edificar o Corpo de Cristo, em concretas comunidades cristãs, que reorganizaram toda a vida: a oração, o trabalho, a caridade fraterna, vivendo da beleza, da alegria e da paz que se encontram na familiaridade com Jesus. Creio que a nós cabe algo parecido neste nosso tempo. FELIZ PÁSCOA 


 
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