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A vocação é o chamado de Deus  por Padre Valmir Miranda

Vocação é chamamento de Deus na história da humanidade, ou seja, o rosto de Deus é vocação, chamado e envio. Quando Deus chama é porque acredita, coloca sua potência divina no homem e na mulher. Deus chama Abraão, Samuel, Jeremias... José e Maria, para uma determinada missão e tarefa. Vocação é despojamento e acolhimento: Deus ama e chama, envia para a messe os operários e operárias.

A vocação cristã nasce no batismo, dom da fé, força vivificante de Cristo para a comunidade. O batismo é sacramento de transformação, caminho e estrada, espaço de adesão ao seguimento. Recordo a vocação batismal para entender a vocação sacerdotal, pois a missão do sacerdote é ser presença transformadora da realidade, mediante a presença de Cristo.


Toda vocação cristã é enraizada na espiritualidade de amar e servir. Recordo São Bento que na espiritualidade encontrou a oração e o trabalho como passos da vida contemplativa. A espiritualidade do serviço é uma espiritualidade de toda a Igreja enquanto toda a Igreja, à imagem de Maria, é a «serva do Senhor» (Lc 1,28), ao serviço da salvação do mundo. Precisamente para que toda a Igreja possa viver melhor esta espiritualidade de serviço é que o Senhor lhe dá um sinal vivo e pessoal do seu próprio ser de servo. 


Padre é a vocação do serviço e da comunhão. Serviço ao povo e à Igreja, esposa de Cristo. Comunhão de Eucaristia, ou seja, deixar que a vida seja um banquete de ação de graças. A missa termina com o envio à missão de testemunhar o Cristo com nossa palavra e com nossa vida. Em resumo, a vocação do padre é transfigurar sua vida vocacional, chamado de Deus, numa presença de compaixão e ternura, por isso, recordo diariamente esse poema de um autor desconhecido: 


Um padre deve ser, ao mesmo tempo, pequeno e grande, de espírito nobre, como de sangue real,  simples e espontâneo como um colono, um herói no domínio de si, um homem que lutou com Deus, uma fonte de santificação, um pecador que Deus perdoou, senhor de seus desejos, um servidor humilde para os tímidos e fracos, que não se rebaixa diante dos poderosos, mas se curva diante dos pobres, discípulos de seu senhor, chefe de seu rebanho, um mendigo de mãos largamente abertas, um portador de inumeráveis dons, um homem no campo de batalha, uma mãe para confortar os doentes, com a sabedoria da idade e a confiança de um menino, voltado para o alto, os pés na terra, feito para alegria, experimentado no sofrimento, longe de toda a inveja, que vê longe, que fala com franqueza, um inimigo da preguiça, sempre fiel, tão diferente de mim!


Pe. Valmir Miranda, 21 de março de 2021 (12 anos de vocação sacerdotal)


Pároco da Quase Paróquia Ascensão do Senhor
Assistente Eclesiástico da Comissão Missionária Diocesana e da Pastoral Afro.


 
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