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Pouco tempo atrás nós não existíamos e agora estamos aqui. Nada fizemos para entrarmos neste mundo. Recebemos a vida como dom. Nascemos do amor. Com a mesma força com a qual o Mistério infinito e eterno quer o sol brilhando de dia e as estrelas de noite, quer a nossa vida. Na origem da nossa existência está o Mistério Criador, que se serviu de pai e mãe para nos trazer a este mundo. Dentro de algum tempo, a nossa existência terrena terminará. Aquele Mistério que nos quis e nos quer agora, nos aguarda e nos acolhe na morada definitiva, onde encontraremos a plena realização da nossa humanidade, a paz e a felicidade que muitas vezes nos faltou aqui na terra.

Na origem e no fim de nossa existência terrena está o Mistério de Deus que nos ama como Pai Amoroso, cheio de misericórdia e compaixão.

Entre essa origem e esse fim, somos chamados a viver como filhos e filhas de Deus e, portanto, como irmãos, criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus, chamadas a viver em comunhão fraterna que imita a Santíssima Trindade, tendo Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, como nosso caminho, verdade e vida.

Somos convidados a viver nesta terra “com equilíbrio, justiça e piedade”, amando a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, encontrando toda realização e felicidade no dom sincero de nós mesmos para o bem e a felicidade de outras pessoas, seguindo os passos de Jesus. O ideal do bom samaritano que se compadece do irmão ferido e machucado e o socorre é o caminho para encontrarmos paz e felicidade nesta terra e na eternidade. Quem, porém, vive como Caim que matou seu irmão Abel ou como o predador que de tudo e de todos procura tirar a maior vantagem, sem respeito pela sua dignidade e pela justiça, encontrará uma eternidade sem a paz que deseja, sem felicidade, pois cada um será julgado a partir de seus atos.

A morte entrou no mundo por causa do pecado do homem (Gn 2,17; 3,3; 3,19; Sb 1,13; Rm 5,12; 6,23). Ela contraria o desígnio de Deus. Mas, na sua infinita misericórdia, Deus quis abraçar a nossa humanidade e quis compartilhar todas as circunstâncias de nossa existência, inclusive o sofrimento e a morte.

Jesus desceu à mansão dos mortos, isto é, abraçou a nossa morte e desceu até as situações mais baixas da condição humana (descendit ad ínfera) e ressuscitou, isto é, venceu a morte, abrindo caminho para que nós também, no momento certo, passemos para a vida nova da ressurreição. A partir desse momento, a morte passou a ter um sentido positivo. “A vida não é tirada, mas transformada”. Graças ao batismo, o cristão já está sacramentalmente “morto com Cristo” para viver uma vida nova.

Na morte, Deus chama o homem e a mulher a si. Pela morte, a alma é separada do corpo, mas na ressurreição final, Deus restituirá a vida incorruptível ao nosso corpo transformado, unindo-o novamente à nossa alma. Assim, como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós ressuscitaremos no último dia. “Cremos na verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora”. Essa é a razão da nossa esperança de que não caminhamos para a destruição, mas para a plenitude da vida, em Cristo ressuscitado.

A morte constitui um drama do qual é melhor aproximar-se não solitariamente, mas acompanhados. Por isso, quando rezamos a Ave Maria, pedimos “Rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte” e nos entregamos a São José, padroeiro da boa morte.

Refletir sobre o mistério da vida e da morte nos recoloca diante do Mistério, nos alerta a respeito desta realidade grande e nobre que é a vida humana, que recebemos como dádiva e nos permite pensar na morte e na vitória de Cristo sobre a morte. Isto nos coloca longe da cultura da banalidade, da maneira grosseira e vulgar de viver que considera a vida nada mais que um jogo, no qual vale tudo para ganhar alguma satisfação ou algum trocado, ignorando a dignidade da vida e a possibilidade da morte.

                                                                              Dom João Carlos Petrini                                                                                  Bispo de Camaçari

 
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